Por Solange Matassoli Gomes – Psicóloga CRP/RJ 05/35480
A violência entre crianças e adolescentes vem crescendo assustadoramente, chegando a índices alarmantes, fazendo com que pais e educadores estejam cada vez mais atentos para o problema.
Através de pesquisas realizadas em todos os países, é possível afirmar que vítimas de bullying podem sofrer muito, apresentando baixa autoestima, desenvolvendo quadros depressivos, culminando até em tentativas de suicídio.
Mas afinal, como podemos definir o que é Bullying? Este termo é uma palavra de origem inglesa e que no Brasil não tem tradução. Através do dicionário, podemos encontrar significados para a palavra bully, tais como: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Por conseguinte atribui-se à palavra bullying, um conjunto de atitudes de violência física (bater, chutar, empurrar, perseguir, derrubar, ferir), verbal (gritar, intimidar, xingar, ameaçar) e/ou psicológica (amedrontar, apelidar, discriminar, humilhar, intimidar, excluir, perseguir, assediar), de caráter intencional e repetitivo, praticado por um ou mais agressor (bully) contra uma ou mais vítima sem condições de defesa.
De acordo com as circunstâncias atuais, temos a tendência a credibilizar comportamentos de bullying somente nas escolas, porém acredito ser importante destacar que tal comportamento também se faz notar no contexto familiar, às vezes de forma velada, onde pais ou irmãos dominadores, manipuladores e perversos são capazes de prejudicar a saúde física e mental e a autoestima de integrantes da família que demonstram posturas fragilizadas, atitudes passivas e insegurança.
As instituições educacionais se vêem obrigadas a lidar com fenômenos como o bullying, que embora sempre tenha existido nas escolas de todo o mundo, atualmente ganha dimensões muito mais graves. O fenômeno expõe não somente a intolerância às diferenças, como também dissemina os mais diversos preconceitos e a covardia nas relações interpessoais dentro e fora dos muros escolares.
Cabe aqui ressaltar que o bullying refere-se ao poder, ou seja, este fenômeno só existe diante de uma relação desigual de poder em que um ou mais alunos tentam subjugar e dominar outros jovens. A criança ou o jovem alvo de bullying, não é capaz de se defender e esse desequilíbrio de poder é que sustenta o comportamento agressivo do bully.
Os personagens do bullying dividem-se em:
Agressores: julgam-se superiores, têm uma boa autoestima, são habilidosos socialmente, possuem um perfil de liderança e manipulação contra o outro. Apresentam agressividade e impulsividade exacerbada.
Vítima: geralmente são tímidas, retraídas, introspectivas, possuem poucos amigos e apresentam incapacidade de defesa, o que contribui para a manutenção do problema. Podemos classificar a vítima do bullying em dois tipos: a vítima pura (aquele que não faz nada para se tornar o alvo, ele é eleito pelo bully) e a vítima provocadora (aquele que deliberadamente provoca e irrita os colegas de sala de aula).
Testemunhas: convivem diariamente com o medo de se tornarem as próximas vítimas. Apresentam dificuldade de se posicionar e de defender o outro. Na verdade, eles são os espectadores de toda essa violência.
Não podemos desconsiderar também o mundo virtual em que estamos inseridos e este constitui uma versão multimídia da violência escolar, chamada de cyberbullying que engloba as ameaças e intimidações através da internet e apresentam um caráter mais perverso e covarde que aterroriza os mais frágeis. As conseqüências aos alvos do cyberbullying são devastadoras e muitas das vezes, irreversíveis.
É importante que os pais observem o comportamento de seus filhos constantemente e estejam sempre prontos para um diálogo transparente objetivando fazer com que eles possam sentir-se seguros e solicitar ajuda quando necessário. Alguns comportamentos de alerta são: quando seu filho, de forma repentina, tem queda no rendimento escolar, mostra-se ansioso ou até mesmo se recusa a ir à escola, evita falar de seus colegas, etc. Neste caso se faz necessário uma investigação das causas destes comportamentos e se existir a suspeita de bullying, o aluno pode precisar de apoio psicológico para aprender a se defender dos agressores e melhorar sua autoestima.
Enfim, escola e família devem estar sempre atentas e unidas em busca da melhor solução para esta questão de violência que atinge brutalmente crianças e adolescentes dia após dia, a fim de melhorar a qualidade de vida através de atitudes positivas, eficientes e assertivas.
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